Agradecemos a todos os que visitaram este blogue e que nele participaram e comentaram. Terminado que está o ciclo Desobediências onde ele se enquadrava, termina aqui também a actualização do blogue.
Mais uma vez muito obrigado pela vossa presença.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
gestos de desobediência
...o agreste tema da obediência que mata (a alma, e não só) e da desobediência que salva foi o motor manifesto e obsessivo da Antígona de Sófocles. Nela, o tirano de Tebas, Creonte, encarna na perfeição o Estado e as suas "razões", enquanto sua sobrinha, a desobediente Antígona, ao dar sepultura aos irmãos insurrectos, contra a vontade expressa e institucionalmente ratificada do tio -lá está o coro para dizer amén, ontem como hoje,a tudo o que ele quer- encarna uma outra lei, humana, informulada, pois vive mais na consciência do que no papel, mas superior ou anterior à do Estado. Não admira que o trágico grego qualifique, soberbamente, Antígona recorrendo a um oxímoro, singular artifício que extrai do paradoxo uma superabundância de sentido. Sim, Antígona é, para Sófocles, santamente criminosa, querendo ele, com isso, dizer-nos que a princesa é criminosa aos olhos do Poder (Creonte), porém santa aos olhos dos deuses e perante a sua consciência. Acusa-a Creonte de não ver um palmo diante do nariz, de não ter olhos para a divina ordem do Estado, ao que Antígona responde ironizando sobre a "divindade" de tal ordem, ao preferir, de longe, que ela antes fosse, tão-só, humana.
Mais de 2500 anos depois de Antígona, Aristides de Sousa Mendes como que lhe repete o gesto, ao dar ouvidos à inaudível voz da consciência, em detrimento das ordens que o Estado português impunha ao seu cônsul em Bordéus. Terá salvo, desse modo, cerca de trinta mil judeus, que se foram juntar , sãos e salvos, no bom porto norte-americano, aos muitos mais que puderam zarpar de Lisboa. Desobedecu Sousa Mendes, movido pelos ditames da consciência. Decidiu desobedecer, sozinho, na inviolabilidade do diálogo interior, sem alardes, nem esperança de prebendas ou sinecuras, mas, por certo, antevendo os rigores que doravante e até ao fim dos seus dias, se abateram sobre ele e a numerosa família, de quem era o único sustento. Desobedeceu em silêncio. Um silêncio que é a própria vida da consciência.
José Alarcão Troni,
Presidente do INATEL
( Extracto do texto de apresentação, "Gestos de Desobediência", inserido no press release A Desobediência)
memória do tempo: "lá vamos cantando e rindo..."
O Presidente do Conselho, Dr. Oliveira Salazar correspondendo à saudação dos jovens "lusitos" da Mocidade Portuguesa, durante uma parada realizada em Lisboa, a 1 de Maio de 1940. Organização juvenil de tendência para-militar e de natureza ideológica fascista (como as suas congéneres italiana, espanhola e alemã), a MP -criada em 1936- exerceu um papel central no controlo e massificação da juventude portuguesa durante o período da Ditadura do Estado Novo. Na foto, a ladear Salazar, em primeiro plano, o Engº Nobre Guedes.
Arquivo: Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Fonte:CPF Centro Português de Fotografia
Fundo: O Século
Cota: SEC/AG/01-075/1362O
Fonte:CPF Centro Português de Fotografia
Fundo: O Século
Cota: SEC/AG/01-075/1362O
memória do tempo: Jean Renoir em Lisboa
O realizador francês, Jean Renoir (autor dos sublimes, La Règle du Jeu, Une Partie de Campagne e La Grand Illusion) na companhia do cineasta, António Lopes Ribeiro, (na altura, a preparar a rodagem de O Pai Tirano, um dos seus filmes mais emblemáticos) aquando da sua passagem por Lisboa, em Novembro de 1940.
Arquivo: Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Fonte: CPF Centro Português de Fotografia
Fundo: O Século
Cota: SEC/AG/01-078/3362O
Data :1940.11
Fonte: CPF Centro Português de Fotografia
Fundo: O Século
Cota: SEC/AG/01-078/3362O
Data :1940.11
irmãos Sousa Mendes
terça-feira, 23 de outubro de 2007
“O Poder e a Desobediência” – Bragança de Miranda no Teatro da Trindade
José Bragança de Miranda, professor universitário e ensaísta, especialista nos campos da teoria política, da comunicação e da cultura, irá conversar no dia 23, pelas 19h, no Teatro-Bar do Teatro da Trindade sobre “O Poder e a Desobediência”. Tendo como referência o gesto de desobediência de Aristides de Sousa Mendes, Bragança de Miranda irá partir do olhar que a teoria política lança sobre as relações entre o poder e a (des) obediência.
Esta conversa enquadra-se no Ciclo Desobediências que está a ser realizado no Teatro da Trindade, no contexto da apresentação da peça “A Desobediência”, em cena até 25 de Novembro, e que inclui, entre outras iniciativas, a exposição A acção humanitária de Aristides de Sousa Mendes e o ciclo de cinema Histórias de Resistência.
José Bragança de Miranda é professor no Departamento de Ciências de Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tendo publicado várias obras na área da Filosofia e da Teoria Política. É autor de, entre outros ensaios, Teoria da Cultura, Lisboa, Século XXI, 2002; Traços. Ensaios de Crítica da Cultura Lisboa, Vega, coll. Passagens, 1997, Política e Modernidade e Lisboa, Colibri, 1996 Analítica da Actualidade, Lisboa, Vega, 1994.
domingo, 14 de outubro de 2007
rebelde com causa (3)
A desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se não quer deixar de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência.
Mahatma Gandhi (1869 – 1948)
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